sexta-feira, 29 de maio de 2009

Festival de Beja (actualização)



Inaugura este fim-de-semana e prolonga-se até dia 14 de Junho, a quinta edição do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja que se desdobra em vários espaços: Bedeteca de Beja / Casa da Cultura, Biblioteca Municipal de Beja - José Saramago, Museu Regional de Beja e no Museu Jorge Vieira – Casa das Artes.
Como temos vindo a anunciar nos meses de 
MarçoAbril e Maio, estarão presentes uma série de autores estrangeiros e nacionais como Craig Thompson, Denis Deprez, João Maio Pinto, Marco Mendes, Fernando Gonsales, Alberto Vázquez, entre muitos outros nos dias 30 e 31 de Maio. Existe também uma programação a acompanhar: inaugurações, conversas, apresentações, concertos, festas e exibições de filmes.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Tartarugas Ninja: Adolescentes com 25 anos


Pedro Cleto

Há 25 anos, corria Maio de 1984, eram publicadas pela primeira vez aquelas que seriam um dos maiores sucessos da história da BD e da animação: as Tartarugas Adolescentes Mutantes Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles) que tornaram os seus autores milionários. 

Elas tinham sido criadas um ano antes, por dois jovens norte-americanos, Kevin Eastman e Peter Laird, que então (sobre)viviam de ilustrações publicitárias e part-times, que desenharam quatro tartarugas antropomórficas e decidiram fazer delas homenagem e paródia aos comics que mais apreciavam: "Demolidor" e "Ronin", ambos de Frank Miller. Por isso, na sua origem, as tartarugas são um dano colateral do acidente que cegou Matt Murdock, ampliando os seus sentidos e transformando-o no Demolidor. Deram-lhes carácter adolescente, nomes de grandes artistas renascentistas: Miguel Ângelo, Donatelo, Leonardo e Rafael, uma ratazana especialista em artes marciais como mestre e mutantes e extraterrestres como inimigos.

Como o traço de Eastman e Laird era semelhante, ambos escreveram e desenharam as primeiras histórias, que enviaram para diversas editoras, sem qualquer resultado. Por isso, entre uma restituição fiscal e um empréstimo de um tio, juntaram 1200 dólares e imprimiram 3000 exemplares, a preto e branco, sob o selo Mirage Studios. A ideia era vender as revistas pelo correio, mas uma página paga numa revista especializada e um dossier enviado para estações de televisão e agências noticiosas, originaram artigos sobre as TMNT em todo o país e inúmeras encomendas de lojas especializadas. As sucessivas reedições rapidamente ultrapassaram os 100 mil exemplares e tornaram-nas o maior sucesso das edições independentes nos EUA.

Mark Fredman, entretanto entrado para a Mirage, conseguiu contratos para uma mini-série televisiva de 5 episódios e o fabrico de figuras de acção pela Playmates Toys, e o êxito junto dos jovens repetiu-se, tendo sido realizados 194 episódios, entre 1987 e 1996. Neles, a violência da BD foi atenuada e as tartarugas, agora devoradoras compulsivas de pizza, distinguiam-se pela cor das máscaras. Seguiu-se "Ninja Turtles: The Next Mutation (1997), uma série live-action de má memória com uma quinta tartaruga fêmea, Vénus de Milo, voltando às boas graças dos fãs em 2003, com mais cinco temporadas em desenho animado.

No cinema, protagonizaram três películas em live-action em 1990, 1991 e 1993, e uma quarta, em animação computorizada, em 2007.

Copyright: © 2009 Jornal de Notícias; Pedro Cleto

sábado, 23 de maio de 2009

Zits também em animação


Pedro Cleto

"Zits", uma das mais populares tiras diárias de imprensa da actualidade, criada em 1997 por Jerry Scott (argumento) e Jim Borgman (desenho), e publicada diariamente pelo Jornal de Notícias bem como por mais cerca de 1600 jornais de todo o mundo, acaba de ganhar uma versão animada.

Uma mão cheia de episódios dos "Zits Motion Comics" está já disponível gratuitamente na página da internet do King Features, na secção Comics Kingdom, uma plataforma online de distribuição de tiras diárias de imprensa para jornais locais norte-americanos, que inclui mais de meia centena de títulos, entre os quais "Spider-Man", "Baby Blues", "Hagar", "Mandrake", "Mutts" ou "Prince Valiant".

Os "Zits Motion Comics", disponibilizados semanalmente, são episódios com cerca de 30 segundos que adaptam algumas das pranchas dominicais originalmente publicadas nos jornais, dotando-as de movimento básico e som. Este último aspecto é o grande trunfo desta experiência, pois as vozes escolhidas para Jeremy Duncan, o adolescente de 15 anos que protagoniza "Zits" ("borbulhas"), para os seus pais, Walt e Connie, com quem protagoniza um constante choque de gerações, e para os seus amigos, Hector, Sara e Pierce, encaixam perfeitamente naquelas que "se ouvem" no papel.

Copyright: © 2009 Jornal de Notícias; Pedro Cleto

terça-feira, 19 de maio de 2009

XI PORTO CARTOON WORLD FESTIVAL



Estão escolhidos os vencedores do Porto Cartoon World Festival de 2009, subordinado ao tema “As Crises”.

Mihai Ignat da Roménia foi o vencedor do Grande Prémio do XI PortoCartoon-World Festival, organizado pelo Museu Nacional da Imprensa. O segundo prémio foi atribuído a Augusto Cid (Portugal) e o terceiro a Zygmunt Zaradkiewicz, da Polónia.

A elevada qualidade dos trabalhos, levou o júri internacional a atribuir ainda 11 Menções Honrosas a artistas de 10 países: Austrália, Bulgária, Coreia do Sul, França, Irão, Itália (2), Polónia, Rússia, Turquia e Ucrânia.

O PortoCartoon-World Festival é considerado pela FECO (Federation of Cartoonists’ Organisations) um dos três principais festivais de desenho humorístico do mundo, o que coloca Portugal no pódio dos concursos internacionais de caricatura. 

A edição de 2009, subordinada ao tema "As Crises", registou a participação de meio milhar de humoristas, de 70 países, com cerca de 2000 desenhos. O Brasil é o país com mais participantes – mais de 50 cartunistas, com cerca 200 desenhos – logo seguidos do Irão, Turquia, Roménia, Portugal e da China. 

O júri internacional do XI PortoCartoon foi presidido por Georges Wolinski, (França) e integrou ainda: Peter Nieuwendijk, Secretário-geral da FECO (Holanda); Xaquin Marin, Director-honorário do Museo de Humor de Fene (Espanha); Roberto Merino, encenador (Chile); Nuno Carvalho, representante do Ministério da Cultura; Luís Mendonça, Representante da Faculdade de Belas Artes do Porto e Luís Humberto Marcos, director do Museu Nacional da Imprensa.

A Caixa Geral de Depósitos é o mecenas oficial deste certame, um dos três mais importantes concursos mundiais de cartoon, inaugurado em 1998, pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio.

A exposição dos trabalhos, em data a indicar, terá lugar no 
Museu Nacional da Imprensa.
 
Veja 
aqui os trabalhos vencedores.

domingo, 10 de maio de 2009

Homem-Morcego septuagenário

Pedro Cleto

70 anos depois a sombra de Batman continua a pairar


Há 70 anos, a revista "Detective Comics #27" publicava a primeira banda desenhada de Batman, um dos mais célebres, populares e rentáveis heróis da indústria dos quadradinhos norte-americanos.

Na capa, estava impressa a data de Maio de 1939, - embora alguns estudiosos afirmem que foi posta à venda a 18 de Abril e o preço de 10 cêntimos, que teriam sido um óptimo investimento para quem tivesse guardado um exemplar em bom estado, pois hoje facilmente atingiria os 300 mil dólares (cerca de 225 mil euros).

Essa primeira BD, "The Case Of The Chemical Syndicate", gráfica e narrativamente ingénua para os nossos dias, "Bat-Man", era apresentado como "uma personagem misteriosa e aventureira que luta pelo bem e derrota malfeitores" e investigava uma série de roubos e assassinatos. O seu lado negro já estava patente, como demonstra o comentário feito após lançar acidentalmente um bandido para um tanque de ácido: "Um fim perfeito para a sua laia"! 

Por detrás do herói, combinação improvável de Zorro com Drácula e os policiais negros então em voga, estavam Bob Kane (1915-1998), desenhador e responsável por muita da mitologia da personagem, e Bill Finger (1914-1974), argumentista (raramente creditado) a quem se devem o tom policial e a sua identidade secreta, desvendada na penúltima vinheta: "Bruce Wayne, um entediado jovem milionário".

Em oposição aos sempre "bons" Superman/Clark Kent (criados um ano antes e a quem vinha fazer concorrência), em Bruce Wayne/Batman, a dualidade é gritante. O primeiro é um playboy milionário, atormentado pela morte dos pais e o desejo de se vingar contra o mal em geral; o segundo, é o instrumento dessa vingança. Por outro lado, ao contrário do "rival" Superman e de quase todos os outros super-heróis que se seguiram, Batman não tinha super-poderes, assentando a sua acção na inteligência, numa apurada forma física e numa vasta gama de acessórios científicos e tecnológicos, que evoluíram com a passagem dos tempos. Assim, a proximidade com o leitor de quadradinhos, ávido por escapes ao quotidiano de pais saído da recessão e a caminho de uma guerra mundial, fez com que a sua popularidade disparasse de imediato. Por isso, a par do aliado Robin, introduzido um ano depois, sucederam-se vilões marcantes: Joker, Pinguim, Duas Caras...

A sua estreia no cinema deu-se em 1943, interpretado por Lewis Wilson e Douglas Croft, e na TV em 1966, numa série de culto com Adam West e Burt Ward.

Na BD, para além de Kane, dois nomes ficaram especialmente ligados ao cruzado mascarado: Jerry Robinson, que amenizou o tom soturno das histórias com a criação de Robin, durante as décadas de 40 e 50, e Neal Adams, que recuperou o seu lado mais negro, nos anos 70.

Foi esse mesmo lado mais negro que o (então) genial Frank Miller explorou em 1985 em "O Regresso do Cavaleiro das Trevas", uma BD que fez disparar a popularidade de um herói então pouco mais que moribundo e mostrou - juntamente com "Watchmen" - que os comics também podiam ser lidos por adultos cultos e exigentes.

Depois dele, nada ficou como dantes, com muitos autores a explorarem um Batman cujas melhores armas são o medo e o terror, privilegiando os fins, sejam quais forem os meios para lá chegar, confundindo-se muitas vezes a sua metodologia com a daqueles que combate, muitas vezes no limite (apenas?) entre a legalidade e o crime, defender a lei e fazer justiça, a sanidade e a loucura.

Mas, 70 anos depois, por mais mortes e/ou sucessões que surjam, só uma certeza fica: a sombra do Homem-Morcego continuará a pairar sobre os becos mais recônditos de Gotham City, atemorizando todos aqueles que têm culpas na consciência.



Caixa

A actualidade
Na sequência de mais uma (quase?) morte, em "Batman: R.I.P.", escrita por Grant Morrison (que poderá ser lida em Portugal dentro de sensivelmente um ano, nas revistas brasileiras do herói - "Batman" e "Batman e Superman" - que a Panini distribui mensalmente entre nós), a actualidade do Homem-Morcego passará pela revista "Batman", sem Bruce Wayne, substituído pelo vencedor da corrida pela sua sucessão na mini-série "Battle for the Cowl", ainda em curso, e pelos novos títulos "Batman and Robin", de Grant Morrison e Frank Quitely, e "Batgirl - The Cure", a lançar nos EUA em Agosto.

No cinema, o sucesso a todos os níveis de "Batman - The Dark Knight" (2008), um dos filmes mais rentáveis de sempre com mais de 1000 milhões de dólares feitos nas bilheteiras protagonizado por Christian Bale e dirigido por Chris Nolan, parece incontornável um terceiro filme de Batman com ambos, embora ainda não haja nada concreto sobre o tema.

Copyright: © 2009 Jornal de Notícias; Pedro Cleto

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Morreu Vasco Granja, pioneiro da BD e figura querida das gerações de 70 e 80


Responsável pela introdução em Portugal do termo "banda desenhada", Vasco Granja faleceu esta madrugada em Cascais, aos 83 anos.

Vasco Granja, um dos maiores divulgadores de banda desenhada e de cinema de animação em Portugal, morreu esta madrugada, em Cascais. Tinha 83 anos. 

Reformado desde 1990, o lisboeta deixa um percurso ligado à imprensa e às artes - segundo notícia do Público, Vasco Granja foi o primeiro a utilizar o termo "banda desenhada" em Portugal, num artigo publicado pelo Diário Popular, em Novembro de 1966. 

Preso por duas vezes durante o regime de Salazar, por ligações ao Partido Comunista, Vasco Granja daria início, no ano da Revolução dos Cravos, ao programa 
Cinema de Animação , na RTP. 

Segundo a página de Vasco Granja na Wikipédia portuguesa, 
Cinema de Animação , que marcou toda uma geração de crianças nascidas nas décadas de 70 e 80, durou 16 anos, um total de mil programasemitidos. 

Para a história ficou a transmissão de todo o tipo de desenhos animados, desde os vindos dos Estados Unidos aos desconhecidos autores do Leste da Europa. 

Anos mais tarde, Vasco Granja aceitaria parodiar o seu próprio programa, na série de humor Herman Enciclopédia.
 
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