sábado, 28 de fevereiro de 2009

"A BD é uma combinação de design e poesia"

Pedro Cleto

Chama-se James Sturm, tem 44 anos e fazer comics "é uma necessidade pessoal, em que ponho toda a energia e experiências", sendo a sua faceta de professor, "apenas uma importante ocupação diária". Ontem, na ESAD - Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos, numa sala bem composta, na conferência "A Life in Comics" afirmou que "a BD é uma combinação de design e poesia".

Do Vermont, Canadá, a Gaia vista do Porto, foi um passeio (muito) ilustrado pela sua relação com a BD, iniciada com um livro infantil de ensino de desenho a partir de formas simples, método que ainda utiliza enquanto professor. Depois vieram os Peanuts, "personagens com personalidade, com alma, que pareciam existir para lá da BD", os super-heróis da Marvel como o Quarteto Fantástico, "com super-poderes mas também problemas quotidianos", e, claro, Robert Crumb e os comics underground, sem "limitações temáticas, que não necessitavam de um belo desenho, apenas dum sentimento de urgência em transmitir uma mensagem".

Com "James Sturm's América", de que uma vintena de originais estão expostos até 12 de Abril na Galeria Mundo Fantasma, no C. C. Brasília conquistou em 2008 o segundo Eisner da sua carreira. Colectânea de várias novelas, começa com uma "narrativa sobre os fanáticos religiosos que chegaram à América no século XIX, perpetuando-se e ocupando a Casa Branca, com George W. Bush", passando pela corrida ao ouro ou a vida do jogador de basebol Leroy "Satchel" Paige, "um atleta de eleição, que não podia jogar por ser negro", com as quais apresenta a sua "interpretação, muito subjectiva, da História americana".

Copyright: © 2009 Jornal de Notícias; Pedro Cleto

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A VALSA COM BASHIR

Waltz with Bashir

• Realização e argumento: Ari Folman • Vozes: Ari Folman, Ron Ben-Yishai, Ronny Dayag. 
• Nacionalidade: Israel/Alemanha/França/EUA,2008

Para quem ainda acha que a animação é só para as crianças (e só quem tem estado desatento nos últimos 20 anos é que pode achar isso), A Valsa com Bashir será uma revelação. Mas mesmo para quem sabe que a animação é uma forma de expressão artística sem limites e capaz de abarcar literalmente todos os públicos, A Valsa com Bashir será também uma surpresa. Não é por fundir dois tipos de cinema aparentemente tão opostos como são o documentário e a animação (por exemplo, Winsor McCay já o tinha feito há 90 anos no magistral The Sinking of the Lusitania), nem o de apresentar as memórias do seu criador de uma forma que por vezes se aproxima do stream of consciousness (a animação sempre foi o terreno mais ideal para isso, e os exemplos não faltam). O grande mérito de A Valsa com Bashir é reunir todas essas características, somadas a uma imagética absolutamente invulgar, numa obra poderosíssima sobre os horrores de guerra e a forma como as experiências traumáticas afectam a nossa memória e, a reboque, toda a nossa vida. A história é a do próprio realizador, Ari Folman, que em 1982 combatia por Israel na Guerra do Líbano e assistiu então ao brutal massacre de Sabra e Chatila. A acção decorre no presente, com o cineasta a constatar que não se lembra de rigorosamente nada desse período, e a lançar-se numa série de encontros com outras pessoas que estiveram também em Beirute, na tentativa de resgatar as suas memórias perdidas. Quase todas as personagens que surgem no filme são as reais e, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, o filme não foi feito através de qualquer processo de rotoscopia (ou seja, 'decalcando' as imagens reais fotograma a fotograma) mas sim animando tudo de raiz, numa fusão de animação tradicional, informática e em Flash, com excelentes resultados gráficos. E o mais impressionante é como tudo resulta num filme poderosíssimo, que não só lança a animação num novo patamar de excelência como é absolutamente diferente de tudo o que está a correr nos cinemas. E, o que mais interessa, é muito, muito bom.

O melhor: Não vai ver outro filme como este tão cedo.
O pior: Será que o facto de ser em animação ainda o afastará do público que ele merece?

Luis Salvado

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Luis Pinto-Coelho


Luis Pinto-Coelho é um autor português de banda desenhada, criador do personagem Tom Vitoín.

Luís de Almeida e Vasconcellos Pinto Coelho nasceu em Lisboa, em 1959. Filho de arquitecto e sobrinho do pintor Luís Pinto-Coelho, cresceu a desenhar e influenciado pela leitura dos clássicos da banda desenhada franco-belga.

Em 1975 mudou-se com a família para o Brasil, onde morou no Rio de Janeiro, e aí terminou os seus estudos secundários e iniciou o curso de Engenharia. Em 1979, depois de abandonar os estudos universitários, regressou a Portugal onde trabalhou por vários anos em arquitectura.

Frequentou o curso de Fotografia do Ar.Co de 1983 a 1985, trabalhou em fotografia, design gráfico, ilustração e cartoon. Motociclista entusiástico, em 1990 fez uma série de desenhos humorísticos para a revista Moto-Jornal.

Criou a banda desenhada “As Odisseias de um Motard“, publicada desde 1992 na revista Motociclismo, onde o autor faz o protagonista Tom Vitoín e os seus amigos viver aventuras que retratam com humor a realidade do quotidiano do motociclista português. Em virtude do sucesso desta BD na revista, em 1996 foi lançado o primeiro álbum da série “As Odisseias de um Motard”, que é a compilação das histórias já publicadas.

Ilustrou “Os Portugas no Dakar”, segundo a ideia original e argumento da piloto Elisabete Jacinto. Esta BD, com texto de Elisabete Jacinto e desenhos de Luis Pinto-Coelho, conta de forma humorística as aventuras verídicas dos motociclistas portugueses no “Paris-Dakar”. O 2º volume recebeu, em 2008, o prémio de Melhor Cartoon Nacional nos VI Troféus Central Comics, na Casa da Animação, no Porto.

Augusto Cid


Augusto José Sobral Cid (Horta, 1941-) é um cartunista e caricaturista político e ilustrador português. Efectuou estudos do ensino secundário nos colégios Infante Sagres e Moderno e nos Estados Unidos da América. Frequentou o curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.

Colaborou nos seguintes jornais e revistas: A Parada da Paródia, A Mosca, Diário de Lisboa, Lorentis, Observador, Século, Vida Mundial, O Jornal Novo, Povo Livre, A Tarde, O Dia, O Diabo, Semanário, O Independente, Focus, Grande Reportagem e Sol. Colaborou ainda com a estação televisiva TVI.

Cartunista provocador, satirizou frequentemente figuras como Álvaro Cunhal, Pinto Balsemão e Ramalho Eanes (dois dos livros de Cid sobre esta personagem, O Superman e Eanito, el Estático, foram apreendidos judicialmente). A investigação do desastre aéreo de Camarate foi uma das causas que abraçou.

Este fora também o primeiro portugues a comquistar o 1º lugar no PortoCartoon.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Criadores lusos no maior festival de BD

Os autores de banda desenhada João Lemos, Rui Lacas, Ricardo Tércio e Nuno Alves são alguns dos artistas portugueses que marcam presença no Festival Internacional de BD de Angoulême, que começa esta quinta-feira, em França.

João Lemos disse, ontem, à agência Lusa que estará pela terceira vez presente em Angoulême para mostrar o seu trabalho e fazer contactos, porque o festival "é o evento" de banda desenhada na Europa para quem trabalha nesta área.

João Lemos referiu que em Angoulême estarão também outros autores portugueses, como Marcos Farrajota, Pepedelrey, Ricardo Venâncio e Jorge Coelho, que têm editado por etiquetas independentes, como a Chili Com Carne, El Pep, MMMNNNRRRG ou Imprensa Canalha.

Estas editoras terão um espaço em Angoulême para vender e apresentar edições recentes.

Entre as obras portuguesas que serão apresentadas em Angoulême, contam-se "Defier", de Ricardo Venâncio; "Mocifão", de Nuno Duarte, e "Your rotten flesh", de Pepepdelrey e Osvaldo Medina.

O 36º Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême decorrerá até ao próximo domingo e é considerado o mais importante evento de BD na Europa, com exposições, debates, sessões de autógrafos e, mais importante para os novos criadores, encontros com autores e editores.

A título de exemplo, foi em Angoulême, em 2005, que João Lemos, Nuno Alves, Ricardo Venâncio e Ricardo Tércio conheceram CB Cebulski, da Marvel, e foram convidados a colaborar com aquela editora de BD norte-americana.

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